Síndicos profissionais indicados por construtoras estão sendo usados para autorizar aluguéis de curta temporada, mesmo onde a lei proíbe. O caso reacende o debate sobre a autonomia dos condomínios, o papel das incorporadoras e os limites da locação via plataformas digitais como Airbnb e Booking.
Empreendimentos de Habitação de Interesse Social (HIS) e Habitação de Mercado Popular (HMP), construídos com incentivos fiscais e urbanísticos, não podem abrigar hospedagens temporárias.
Mesmo assim, diversos prédios em São Paulo vêm modificando suas convenções condominiais para permitir esse tipo de locação — muitas vezes com apoio de síndicos profissionais indicados pelas construtoras nos primeiros anos do condomínio.
Essas manobras são alvo de uma CPI na Câmara Municipal, que investiga o uso irregular de imóveis sociais como hotéis e apartamentos de temporada.
A denúncia mais grave é a de que construtoras estariam influenciando assembleias, orientando síndicos profissionais e garantindo o quórum necessário para aprovar o uso de plataformas como o Airbnb — prática considerada ilegal em imóveis sociais.
“Manipular assembleias é algo muito questionável”, afirmou o vereador Nabil Bonduki (PT), que propõe reforçar a fiscalização dos condomínios e criar um cadastro social para priorizar o público realmente destinado às políticas habitacionais.
O decreto municipal de São Paulo é claro:
unidades HIS e HMP não podem ser utilizadas para hospedagem de curta temporada.
Esses imóveis devem ser residenciais, com restrições de valor e renda dos compradores.
“O decreto prevalece sobre convenções condominiais, que não podem contrariar a lei”, explica o advogado Juan Gomez.
Nos prédios investigados, o uso irregular tem gerado tensões entre moradores e hóspedes.
Síndicos relatam problemas de segurança, excesso de visitantes e desgaste com porteiros, que acabam atuando como recepcionistas.
“Comprei um apartamento residencial e vivo num apart-hotel”, lamenta a moradora Luci Goulart, do Today Augusta.
A restrição foi determinada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) após denúncias de que unidades subsidiadas estavam sendo revendidas ou alugadas por investidores.
Esses empreendimentos recebem isenções fiscais e benefícios urbanísticos justamente para garantir moradia acessível a famílias de baixa renda.
O Ministério Público e a Prefeitura de São Paulo apuram irregularidades em mais de 9 mil unidades e cerca de R$ 250 milhões em isenções fiscais concedidas a construtoras.
Casos como esse mostram como assembleias podem ser manipuladas e como é essencial conhecer os limites legais de cada condomínio.
Antes de aprovar qualquer locação por temporada, é dever do síndico:
✅ Verificar o tipo de empreendimento (HIS, HMP ou convencional)
✅ Consultar a legislação municipal e o registro do imóvel
✅ Garantir que decisões de assembleia não contrariem a lei
✅ Buscar orientação jurídica antes de permitir locações de curta temporada
A polêmica do Airbnb em moradias sociais não é apenas uma questão de legislação — é um alerta para síndicos e gestores sobre o poder de influência das construtoras nas decisões condominiais.
A fiscalização precisa ser rigorosa, e a gestão, independente e transparente, para que o condomínio cumpra sua verdadeira função: garantir moradia, convivência e segurança para todos.
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