Tragédia em condomínio expõe falhas graves na contratação de funcionários

No dia em que completava 20 anos, Marcela foi brutalmente assassinada dentro do condomínio onde vivia, em São Paulo. O agressor: seu ex-namorado, Mateus, de 27 anos — o mesmo que, mesmo tendo medidas protetivas por violência doméstica, havia sido contratado como porteiro do prédio. O crime ocorreu diante da filha da vítima, de apenas dois anos. Marcela foi hospitalizada, mas não resistiu aos ferimentos.
O assassino fugiu após o ataque e foi preso dias depois. O caso, chocante por si só, levanta uma questão alarmante para o universo condominial: como um homem com histórico violento conseguiu ocupar uma função de confiança em um ambiente residencial?
A resposta aponta para um erro recorrente em muitos condomínios: contratações feitas sem critério técnico, sem verificação de antecedentes e, muitas vezes, baseadas apenas em indicações.
A segurança começa na portaria: cuidados fundamentais para a contratação de funcionários em condomínios
Funções como porteiro, zelador e vigia exigem mais do que experiência — requerem confiança, estabilidade emocional e histórico limpo. Veja as principais recomendações para síndicos e administradoras:
1. Análise criteriosa de antecedentes
Para cargos que envolvem segurança, é permitido solicitar certidões negativas criminais. Essa prática, feita dentro dos limites legais, é essencial para evitar riscos à comunidade condominial.
2. Preferência por empresas terceirizadas com boa reputação
Ao contratar serviços terceirizados, opte por empresas sérias, com CNPJ ativo, encargos em dia e histórico limpo. Isso transfere parte da responsabilidade jurídica e garante uma seleção mais profissional.
3. Processo seletivo completo e estruturado
Currículo não é garantia. Faça entrevistas, aplique testes, cheque referências anteriores (especialmente em outros condomínios) e avalie o comportamento do candidato. Evite contratações por urgência ou “favor”.
4. Treinamento e controle de acesso
O colaborador precisa saber como agir em situações de risco, receber treinamentos periódicos e estar alinhado com os protocolos de entrada, saída e identificação. A tecnologia (como biometria e câmeras) deve complementar a atuação humana.
5. Acompanhamento e canal de denúncias
Condomínios devem manter canais ativos para que moradores relatem comportamentos suspeitos. Toda ocorrência deve ser registrada e, se necessário, encaminhada ao jurídico do condomínio.
Quando a portaria falha, todo o sistema entra em colapso
O caso de Marcela é um alerta doloroso sobre o que pode acontecer quando o condomínio ignora protocolos básicos de segurança. A contratação de um porteiro não pode ser tratada como mera formalidade — trata-se de um elo vital entre o mundo exterior e a segurança das famílias.
A responsabilidade por quem tem acesso irrestrito aos moradores é de síndicos e administradoras. E quando essa responsabilidade é negligenciada, o preço pode ser irreversível.