Condomínio em Vinhedo vive trauma e incerteza sobre o futuro após queda de avião da Voepass
Construído na década de 1980, o condomínio de 48 lotes fica na rota de aviões do Aeroporto Internacional de Campinas
Os residentes do condomínio Recanto Florido, situado em Vinhedo, interior de São Paulo, enfrentam um clima de incerteza e medo após a tragédia que ocorreu na última sexta-feira, 9, quando um avião da Voepass caiu na área, resultando na morte de 62 pessoas. O acidente, que recebeu atenção mundial, intensificou a preocupação dos moradores, uma vez que o condomínio está localizado na rota de aviões que utilizam o Aeroporto Internacional de Campinas, exacerbando o trauma.
Duas famílias já abandonaram o local. Uma delas, cujos imóveis foram atingidos, está residindo temporariamente com parentes, enquanto a outra família, que reside nas proximidades, encontrou abrigo em um hotel.
O Recanto Florido, um condomínio de 48 lotes amplos e arborizados, foi desenvolvido na década de 1980, numa época em que a região experimentava uma crescente demanda por condomínios horizontais fechados, atraindo principalmente famílias de São Paulo em busca de maior segurança.
Eduardo Borges, engenheiro e representante da associação dos moradores, afirmou que o impacto do acidente será duradouro, mas não acredita que haverá um esvaziamento significativo do condomínio. “Estamos habituados ao sobrevoo de aviões, pois estamos a apenas 11 quilômetros do Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. É uma rota bastante usada, com muitos aviões de carga, até durante a noite.”
No entanto, Borges reconhece que a situação é nova e inesperada. “Mesmo depois de 10 anos morando aqui, nem eu nem os moradores podíamos imaginar um evento tão trágico exatamente aqui. No dia do acidente, o ruído dos motores indicou que o piloto tentava se desviar para uma área mais aberta.”
O engenheiro observou que a superação será particularmente difícil para as famílias próximas ao local do impacto. “O maior impacto foi para o proprietário da casa atingida pelo avião. Embora não tenha sofrido ferimentos graves, ele ficou em estado de choque e pode não retornar ao imóvel. No entanto, é cedo para afirmar.”
Um dos moradores afetados, Luiz Augusto de Oliveira, não foi localizado pela reportagem. Borges mencionou que, apesar de algumas pessoas estarem considerando deixar o Recanto Florido, a maioria ainda não manifestou intenção de sair. “A vizinha do local do acidente está traumatizada e foi para um hotel. Parte da hélice do avião caiu na casa dela, e o impacto foi enorme. Todos estamos de luto e precisamos de tempo para processar.”
No domingo, 11, Dia dos Pais, o Recanto Florido estava mais vazio com a saída dos bombeiros e da maior parte das equipes de resgate. Os moradores, que costumavam caminhar pelas trilhas ou passear com seus cães, preferiram permanecer dentro de suas casas.
Borges relatou que quatro imóveis foram cedidos para os trabalhos de resgate, e se emocionou ao lembrar do momento em que os bombeiros retiraram o último corpo dos escombros. “O momento mais comovente para os bombeiros foi quando retiraram os corpos de um pai e de sua criança dos destroços.”
Ainda não há planos definidos para a área afetada. Os destroços ocuparam uma área de 30 metros de comprimento por 20 de largura no quintal da casa, e parte da cauda do avião ficou em um terreno vizinho. Os bombeiros informaram que a área é considerada contaminada devido aos incêndios e explosões, além dos resíduos dos corpos e dos combustíveis.
No bairro Capela, onde está localizado o condomínio, a tragédia deixou um sentimento de luto. O padre Willian Lopes está convocando os moradores para uma missa de 7º dia em homenagem às vítimas, que será realizada na próxima sexta-feira, 16, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes. “Desde o dia do acidente, temos rezado por aqueles que faleceram e oferecido conforto para as famílias afetadas. Nossa comunidade está profundamente abalada e em oração."
Fonte: https://encurtador.com.br/qdvWx