Condomínio convoca assembleia para votar pagamento de “mensalidade” a traficantes

Condomínio convoca assembleia para votar pagamento de “mensalidade” a traficantes

Moradores de um condomínio em Madureira, na zona norte do Rio de Janeiro, foram surpreendidos com a pauta de uma Assembleia Geral Extraordinária marcada para o próximo dia 13 de maio. O motivo da reunião? Deliberar sobre a aprovação de um pagamento mensal de R$ 1.800 a traficantes que controlam a comunidade vizinha do Morro do São José, área dominada pelo grupo criminoso conhecido como Terceiro Comando Puro (TCP).

O edital de convocação, assinado pelo síndico do prédio, prevê duas chamadas para a assembleia: a primeira às 16h e a segunda às 16h30. A proposta colocada em votação sugere a oficialização de um repasse financeiro direto ao tráfico a partir do mesmo mês.

Pressão armada e retaliações

De acordo com relatos de moradores, a cobrança teria sido imposta após outros condomínios da região se recusarem a pagar valores semelhantes e, como consequência, sofrerem represálias. Entre os relatos, há casos de invasões e ameaças, o que teria motivado o síndico a levar o assunto para votação, como uma forma de "proteger" os moradores.

A proposta gira em torno de um pagamento mensal feito diretamente aos criminosos do Morro do São José, uma das comunidades que compõem o Complexo da Serrinha. A facção que comanda a área é liderada por Wallace de Brito Trindade, conhecido como “Lacosta da Serrinha”.

Tráfico estruturado e lucrativo

A facção que controla o local é conhecida por manter o maior arsenal bélico da região da Grande Madureira. Estima-se que o grupo disponha de centenas de fuzis, dezenas de pontos de venda de drogas e gere um faturamento superior a R$ 700 mil mensais. Toda a operação é sustentada por uma rede criminosa formada por moradores das próprias comunidades, recrutados para integrar a estrutura do tráfico.

O Complexo da Serrinha engloba as comunidades da Serrinha, Fazenda, Patolinha, São José e Dendezinho, todas sob influência direta do mesmo grupo criminoso.

Síndico será investigado

Diante da gravidade do caso, autoridades abriram investigação. A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais instaurou um inquérito para apurar os fatos. O síndico responsável pela convocação será intimado para prestar esclarecimentos.

A decisão de levar à assembleia a possibilidade de pagar uma "mensalidade" a criminosos levanta sérias implicações legais. Mesmo que aprovada em votação, a medida pode configurar crime de associação com o tráfico e conivência com extorsão. Especialistas em segurança e direito alertam que a formalização desse tipo de repasse é absolutamente ilegal e coloca moradores e gestores sob risco jurídico e pessoal.

Reflexo da ausência do Estado

O caso expõe um retrato preocupante da realidade em determinadas áreas urbanas: a ausência de segurança pública efetiva e a crescente influência de organizações criminosas sobre o cotidiano dos cidadãos. Em comunidades onde o poder paralelo dita as regras, cobranças por “proteção” se tornam práticas comuns, afetando até mesmo estruturas formais como os condomínios residenciais.

A normalização de pagamentos ao tráfico ou à milícia por serviços como gás, internet ou segurança escancara um problema estrutural: o vácuo deixado pelo Estado tem sido ocupado por grupos armados que impõem medo, regras e tributos próprios.

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